quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

a língua, entidade dos fluxos de vida e morte
pulso de sobrevivência e assassinato
aproxima e afasta.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

transmuta




(ou "expectativa e projeção")

você promete guardar todos meus segredos. 

não com a literalidade e segurança das palavras,
mas você promete.
e eu juro confiar-te todos os segredos,
me expandir até o coração surtar
saltar da boca e cair
na palma da tua mão.
hei de dançar uns passos de alegria,
cruzar o salão
e no fim dar doses de sangria
a todos os amigos 
sobretudo aos espanhois, os que fizeram a bebida.
de fato ha muito acontecimento no mundo,
mas hoje estou em noite de verão preguiça.
estou de acordo, estou muito desolado:
a cada vez em que paro, pareço andar mais rapido,
e numa marcha sem fim
sigo no caminho contrario
e a mãe diz cuidado, meu filho,
durante a madrugada
os lobos uivam tanto
mas tanto
que dentro da gente
aflora a lua cheia
e cresce o sentimento.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

hábitos

(ou o mistério do complicado)

pra esconder tristeza sorri

pra ser feliz se sacrifica
pra fugir da morte dizem vida
pro sono, chá de camomila
pra provar afeto maltrata
pra ser gentil abre a lata
pra ganhar beijo, primeiro vira a cara
pra dançar senta e espera
pra descansar aguarda férias
quando odeia, ainda diz que ama
se quer falar faz silêncio
pra silenciar não fica quieto
e não deixa o pensamento respirar
pra se acalmar manda mensagem
e assim numa viagem
o ser humano comunica
o mundo todo
ao contrário

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

às dezessete horas

e eu vejo tanta gente que um dia vou esquecer o rosto, o rosto e os olhos e a boca que são tão importantes... e um dia vou esquecer seus nomes - mais tarde o meu -, para no fim da minha era não ter ninguém a chamar nos momentos de tortura...

*


eu entendo uma parte tua, mas a outra que não consigo me enlouquece.

*

meu amor, você corre atrás de algo que nunca vai alcançar, e depois no fim vai chorar chorar, porque de burro e inteligente todos temos um pouco, e eu digo isso para ressaltar que você está em um mar de burrice, meu deus, quanta burrice, numa corrida cuja linha de chegada está na sua própria cabeça, isso mesmo, na sua própria cabeça. 

*
olá, gabriel, como vai?
de mesmo assim não vai

*

espera meu convite de volta, 
mas eu digo apenas tchau e fecho a porta

*
esta sucessão de fatos minúcia

traz ligeiros de angústia
formigas tomando meu corpo
me deixando todo louco todo torto de loucura
à procura de saquinhos de chá
será que outras bocas os tomaram?
e andaram no meu quarto
sentaram-se na cama
e como de um bule de chá
beberam até a última gota
de um homem de vontades, de vontades de voar
um homem que após severos goles
temperaturas negativas
e incontáveis xícaras
encontrou-se prostrado em medidas
gírias incompreendidas
e cacos quebrados 

em linhas de fúria, muita fúria
no tapete da minha casa