O Minha Polaroide quer te desejar um feliz ano novo. Que tu consiga realizar teus desejos, e, se tu não conseguir, bom, então se esforça mais. Sem esquecer que uma falha não é uma derrota, é apenas uma falha. E que certas decisões não afetam a tua vida toda, apenas um futuro bem próximo que pode ser modificado à maneira que tu bem desejar. Que ano que vem seja um ano de mais e de menos. Mais respeito, e só isso de mais, porque se há mais respeito, então todo o resto haverá de ser mais, visto que o respeito é o riacho que alimenta todos os lagos e mares que existem por aí. Se houver mais respeito, haverá mais paz, (boa) educação e civilidade. E menos egoísmo, pois o egoísmo também alimenta tantos outros lagos e mares. Mas que, de preferência, este desboque apenas no Mar Morto. O egoísmo alimenta tudo o que há de ruim na nossa sociedade: corrupção, roubo, desrespeito, já que há a exaltação desenfreada do "eu" em cima do "nós", problema ainda mais agravado pela nossa socieadede imediatista e consumidora, onde o "eu" é o alvo de tudo, e, portanto, o mais importante em frente ao resto.
E também quero dizer que ano que vem eu vou estar aqui, te esperando, seja para dizer palavras bonitas, ou ásperas, pois nem tudo o que necessita ser dito é bom de ouvir. Seja estudando Jornalismo na UFRGS, seja fazendo cursinho para entrar lá, eu vou estar aqui, brincando com as palavras e te convidando para brincar comigo. Um feliz 2010 e que o mais importante não seja esquecido: no final das contas, o que importa somos nós, pessoas, e não dinheiro, capitalismo ou globalização, todas formas de melhorar o contato interssocial mas que, falhamente, acabaram por causar um atrito que neste momento só pode ser lamentado e remendado. Sem esquecer que tu está aqui para ajudar nesse remendo, só precisa achar um jeito de fazê-lo. A maioria da população não achou e a outra parte nem quer achar. Resta tu, agente modificador da realidade.
Boa sorte para ti.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Dia da Cecília
Lua Adeversa
Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E toda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Canções do Mundo Acabado (parte II)
Não acredites em tudo
que disser a minha boca
sempre que te fale ou cante.
Quando não parece, é muito,
quando é muito, é muito pouco,
e depois nunca é bastante...
Foste o mundo sem ternura
em cujas praias morreram
meus desejos de ser tua.
A água salgada me escuta
e mistura nas areias
meu pranto e o pranto da lua...
Penso no que me dizias,
e como falavas, e como te rias...
Tua voz mora no mar.
A mim não fizeste rir
e nunca viste chorar
(Porque o tempo sempre foi
longo para me esqueceres
e curto para te amar.)
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
A Polaroide registra
O Minha Polaroide quer te desejar um feliz natal. Hoje nós sentamos naquela mesa bem grande, provavelmente na casa da nossa vó, reunidos com toda a nossa família e agregados. Vão ter nossos primos pequenos mal-educados, nossos tios que nos farão dezenas de perguntas a observações (como tu cresceu!), e, provavelmente, pessoas que nunca ouvimos falar sobre comparecerão. Muita gente acha um porre o Natal; como já citado, pessoas que não temos intimidade, sorrisos falsos e alegria forçada. Um porre, né?
Não. Não concordo, não acho que o Natal é , nem de perto, um porre. Só se for porre de bebida. Eu gosto do Natal. Eu gosto do Natal porque é quando famílias se reunem, não há aquela desculpa do "eu estou cansado", "o trabalho não deixa". Não, é Natal, e a família tem de reunir-se, ponto final. Será que você é tão importante assim que pode não comparecer a esse evento quando todos vão esperar para te ver? Provavelmente, não.
Um conhecido me disse que não gosta do Natal porque é muita falso, sorrisos e risadas escondendo frustrações e infelicidade. Não gosta da pressão de ter que sorrir apesar de estar triste. Eu não falei nada para ele, é claro, é o jeito que pensa, mas depois fiquei pensando nisso e achei uma opinião meio egoísta. Ok, ele está mal e no Natal todos sorriem, mas por um acaso seria diferente em outros dias do ano? Pense bem, você que está mal hoje e mais tarde deverá sorrir para sua família. Caso fosse outro dia do ano, você faria algo de diferente? Por acaso seria grosso com alguém, mal-educado ou sarcástico? Se você seria, bem, então talvez deva repensar seus conceitos. É extremamente plausível que as pessoas não estejam de bom-humor 24hrs por dia, mas não há qualquer razão em, de alguma forma, descontar nos outros. Por acaso ajudaria em alguma coisa, se, no Natal, você ficasse de cara fechada a noite toda? Evidentemente, ninguém deve ficar sorrindo a noite toda, mas ninguém é culpado da sua incapacidade de superar as frustrações. Imagine se você estivesse numa festa em família, e seu tio ficasse mal-humorado durante a noite toda. Isso sim seria um porre. Porque ele estaria estragando um momento que é usado para se esquecer dos problemas, das frustrações, das maldades do mundo. "Eu rio no Natal e um monte de gente passa fome...". Ok, então dia 24 você sai e compra uma barra de chocolate e dá para uma criança de rua, mas não fique de mal-humor no Natal.
Eu me irrito com algumas concepções de algumas pessoas; não a opinião em si, mas o fato de ela estar mal-embasada, formulada com o intuito de ser diferente, o blasé, o alternativo: não gosto do Natal então não me deseje feliz natal.
O Natal é uma desculpa para que esqueçamos o nosso dia a dia muitas vezes exaustivo e monótono. Serve como um oásis, em que descansamos para que se possa recupar as forças que já estão no final. O Natal pede alegria, sim, e está ok se você não consegue finaciá-la. Agora, de manera nenhuma isto é motivo para que você fique no quarto trancado ou de cara feia na casa da sua avó, deixando os seus pais e familiares numa situação desagradável. O Natal é muitas vezes hipócrita, mas se você é todos os dias, por que não ser mais um dia, já que "o Natal é mais um dia como outro qualquer"? Ninguém tem qualquer coisa a ver com sua infelicidade, e é uma atitude egoísta fazer com que esse alguém (ou esse ninguém) seja afetado. As pessoas dão sorrisos falsos todos os dias, o que custa dar mais um hoje? Não que a falsidade deva ser pregada aos ventos, mas ela é uma característica do ser humano, no momento em que omitimos nossos sentimentos e sofrimentos para desconhecidos. Seus parentes não têm nada a ver com seus sofrimentos, então não há nada mais justo que você compareça à festa de família e coma o peru com arroz à grega sorrindo e sendo educado. Caso você não tenha percebido, a falsidade é moralmente rejeitada mas socialmente aprovada. No Natal não é diferente.
Feliz Natal e sorriam, sempre há um motivo pelo qual comemorar.
Não. Não concordo, não acho que o Natal é , nem de perto, um porre. Só se for porre de bebida. Eu gosto do Natal. Eu gosto do Natal porque é quando famílias se reunem, não há aquela desculpa do "eu estou cansado", "o trabalho não deixa". Não, é Natal, e a família tem de reunir-se, ponto final. Será que você é tão importante assim que pode não comparecer a esse evento quando todos vão esperar para te ver? Provavelmente, não.
Um conhecido me disse que não gosta do Natal porque é muita falso, sorrisos e risadas escondendo frustrações e infelicidade. Não gosta da pressão de ter que sorrir apesar de estar triste. Eu não falei nada para ele, é claro, é o jeito que pensa, mas depois fiquei pensando nisso e achei uma opinião meio egoísta. Ok, ele está mal e no Natal todos sorriem, mas por um acaso seria diferente em outros dias do ano? Pense bem, você que está mal hoje e mais tarde deverá sorrir para sua família. Caso fosse outro dia do ano, você faria algo de diferente? Por acaso seria grosso com alguém, mal-educado ou sarcástico? Se você seria, bem, então talvez deva repensar seus conceitos. É extremamente plausível que as pessoas não estejam de bom-humor 24hrs por dia, mas não há qualquer razão em, de alguma forma, descontar nos outros. Por acaso ajudaria em alguma coisa, se, no Natal, você ficasse de cara fechada a noite toda? Evidentemente, ninguém deve ficar sorrindo a noite toda, mas ninguém é culpado da sua incapacidade de superar as frustrações. Imagine se você estivesse numa festa em família, e seu tio ficasse mal-humorado durante a noite toda. Isso sim seria um porre. Porque ele estaria estragando um momento que é usado para se esquecer dos problemas, das frustrações, das maldades do mundo. "Eu rio no Natal e um monte de gente passa fome...". Ok, então dia 24 você sai e compra uma barra de chocolate e dá para uma criança de rua, mas não fique de mal-humor no Natal.
Eu me irrito com algumas concepções de algumas pessoas; não a opinião em si, mas o fato de ela estar mal-embasada, formulada com o intuito de ser diferente, o blasé, o alternativo: não gosto do Natal então não me deseje feliz natal.
O Natal é uma desculpa para que esqueçamos o nosso dia a dia muitas vezes exaustivo e monótono. Serve como um oásis, em que descansamos para que se possa recupar as forças que já estão no final. O Natal pede alegria, sim, e está ok se você não consegue finaciá-la. Agora, de manera nenhuma isto é motivo para que você fique no quarto trancado ou de cara feia na casa da sua avó, deixando os seus pais e familiares numa situação desagradável. O Natal é muitas vezes hipócrita, mas se você é todos os dias, por que não ser mais um dia, já que "o Natal é mais um dia como outro qualquer"? Ninguém tem qualquer coisa a ver com sua infelicidade, e é uma atitude egoísta fazer com que esse alguém (ou esse ninguém) seja afetado. As pessoas dão sorrisos falsos todos os dias, o que custa dar mais um hoje? Não que a falsidade deva ser pregada aos ventos, mas ela é uma característica do ser humano, no momento em que omitimos nossos sentimentos e sofrimentos para desconhecidos. Seus parentes não têm nada a ver com seus sofrimentos, então não há nada mais justo que você compareça à festa de família e coma o peru com arroz à grega sorrindo e sendo educado. Caso você não tenha percebido, a falsidade é moralmente rejeitada mas socialmente aprovada. No Natal não é diferente.
Feliz Natal e sorriam, sempre há um motivo pelo qual comemorar.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Feliz Aniversário
Eu já postei hoje, mas é que eu tinha me esquecido que hoje é o aniversário de 1 ano dessa Polaroide. Um ano, cara. Pô, fiz esse blog por insistência de uma amiga, quando acabaram as aulas, como forma de matar o tempo. Arranjei uma desculpa mais nobre, é claro, era pra mais tarde, ao olhar meus textos, ver se ficaria com orgulho do que me tornaria e do quanto amadureceria. E sabe que deu certo? De vez em quando, eu vou ver o meu histórico, e cara, como eu era idiota hahaha. Sério mesmo, eu mudei bastante, melhorei em alguns aspectos meus que precisavam ser ajustados, e acho que isso que é bom, sabe, olhar pro passado e ter provas de que tu fez algo de bom. Ver que tu não tá indo prum caminho torto; tá aí,trilhando um que agora parece certo e que provavelmente vai parecer totalmente desviado daqui a algum tempo, mas é bom olhar pra trás e ver que tu te deu conta de que tava indo num caminho torto e que tu mudou. Faz bem ver que se está melhor do que se estava antes, isso ajuda até a apreciar o presente momento. Por isso que eu penso que vou ser super feliz quando for idoso; ver que vou estar mais maduro do que nunca, aproveitando a vida em um outro patamar, como se olhasse uma vista de um morro. Quando se está lá embaixo, consegue-se ver tudo, mas quando se está no morro, tudo fica com um aspecto mas bonito, até a fumaça de uma fábrica que tá matando o meioambiente, pelo menos se aprende a aproveitar e degustar o momento. O fato de se estar observando torna-se motivo para a euforia.
Engraçado como hoje todo mundo fala que vive a vida intensamente e é super bem-resolvido, e depois tu vê a pessoa se irritando porque o trânsito não anda, ou porque as coisas não tão saindo do jeito que queria. Parece que o mundo pressiona pra que se viva a vida intensamente, e a pessoa se sente tão pressionada a policiar as suas ações, vendo se elas vão deixá-la feliz, que não percebe o próprio momento de felicidade. No final das contas, todo mundo que é feliz na verdade é infeliz, é um senso-comum que se apoderou das pessoas comuns, daquele ignorante que lê Paulo Coelho e acha que é super culto àquele pseudo-intelectual que entra em comunidades de História, Filosofia e aquelas blasé como "Odeio a tudo e todos" pregadoras de um nojo pelo mundo e pelas pessoas, uma misantropia forçada que não leva felicidade a ninguém, fazendo nada mais que pôr mais uma carapaça na personalidade das pessoas, como se não bastassem todas aquelas que nós já temos. Todos buscam uma distinção, uma forma de dizer que não são comum, aquela necessidade de afirmar aos outros que não são iguais a ninguém. Quando cada pessoa faz o mesmo, forma-se uma nova conjuntura de pessoas comuns, como os emos, os indies, ou até mesmo os próprios pseudointelectuais, todos na mesma mesmice. De visual dark a roupas justas e cabelo metodicamente desarrumado, visam sair do normal, do centro, aspirando à excentricidade.
Mas o fato é que eu me desviei do que eu tava falando, eu dizia que essa Polaroide faz um ano e eu tô feliz com isso, não achei que ia ter tanto prazer em escrever aqui. Algumas pessoas me acompanham desde que eu criei isso aqui. Na real, só a Ana do Dinamite, mesmo, nem sei como me descobriu e me acompanha há um tempão. Engraçado, deve ser legal ver uma pessoa amadurecendo ao longo do tempo, por meio da escrita. Sei lá, se tu estiver lendo isso, bom, eu pude ver que tu amadureceu nesse ano que passou. Alguns textos falam mais quando deveriam falar de menos, mas isso não é necessariamente ruim, é até bom, mostra que você sabe se expressar bem por meio das palavras.
Enfim, com esse blog eu amadureci bastante, usei até pra desabafar qualquer coisa. Aliás, eu percebi que quando tu sofre, no momento parece a pior coisa do mundo. Dá vontade de desaparecer, de dormir e não acordar mais, mas depois que o tempo passa, tu vê que os problemas ficam e experiência vem junto contigo. Sei lá, isso é só um recado de autoajuda pra quem tá lendo, ei, tu aí, por mais que tu sofra, tudo passa, não importa o quê. Tanta gente que não tem nem teto e sorri, porque tu que tem até um computador pra me ler não tá sorrindo? É tão clichê dizer isso, mas é tão verdade, eu só tô falando de um jeito que tu possa me entender, ou talvez apelando ao pouco crédito que eu tenho contigo, mas me ouve, pode ter certeza que eu já passei por um monte de coisa, algo eu sei do que falo. Não foi o Sartre que disse, não importa o que fazem de você, mas o que você faz do que fizeram com você? Por mais que o mundo pareça nojento, ele sempre vai ter algo de bom a dar pra ti.
Ano que vem, eu vou ler esse post e dar um sorriso, pensar, hm, eu tô mais feliz agora do que quando escrevi isso, e aí eu digo: "e daí Marcel, já fez algo bom pra alguém hoje?". Só tô usando esse post pra tentar fazer alguma mudança, esperando que alguém leia isso e repense suas atitudes, suas filosofias, mesmo sabendo que a maioria das pessoas é preguiçosa, vai correr o cursor do mouse e desistir de ler isso por ser um texto muito grande, só que não são essas pessoas não me interessam, tu que me interessa, pô, tu aí, para de reclamar e faz algo pra mudar o que te incomoda. De vez em quando a gente precisa reclamar mesmo, pra tirar a raiva de dentro, mas não dá pra jogar todas as nossas reações no mesmo saco onde ficam a raiva e a melancolia. Sei lá, vou encerrar isso porque tá autoajuda demais, tô esperando que tu tome isso como uma conversa mesmo, imagina que eu tô na tua frente falando isso, algo como Lya Luft em Perdas e Ganhos. Mas me imagina de um jeito legal, bonito, atlético e com cara de inteligente; sabe como é, apesar de tudo, a aparência é o nosso cartão de visita.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Era mais fácil quando você só dava pra mim
Eu podia ir aí na sua casa, olhar pra sua cara e dizer, vai pra puta que pariu. Podia mesmo, eu me sustento, tenho meu Uno que você chamava de caixa de fósforo - mas que fui eu quem paguei -, poderia ir aí na sua casa e falar um monte de coisa, podia mesmo. Primeiro eu chegaria do trabalho fedendo a suor e café, vestindo qualquer camisa de liquidação suja, e pensaria em ir pra sua casa com esta mesma roupa, só pra você sentir meu cheiro: de suor, de café, o cheiro que lhe excitava quando eu chegava do trabalho e dizia, vamos trepar? Mas eu pensaria melhor, então teria a ideia de tomar um banho, colocar a minha melhor roupa, um perfume francês e até gel no cabelo, só para pra chegar na sua casa e fingir que estou dez vezes melhor sem você. Faria mesmo isso.
Então veria o seu olhar que diria, ele tomou um banho e colocou a melhor roupa para fingir que está bem sem mim, e meu olhar responderia, eu sei que você sabe o que eu fiz, mas você tem coragem de dizer em voz alta? Você não diria, e eu sentiria que havia vencido outra vez. Me convidaria para entrar: eu aceitaria, policiando meu caminhar: nada muito bravo, nem muito vulnerável, cuidando para não fazer muito barulho com meu sapatênis e controlando meus gestos para que não ficassem muito rápidos, tudo para que nada assustasse lhe. Encararia seu sofá, ele estaria do mesmo jeito de sempre: reto à televisão. Me inclinaria para sentar e ouviria o seu desabafo. Me desculpa, eu sei que é pedir muito que você me perdoe, para então apelar para o inevitável, anistiando nós dois da culpa, é claro: “o que é pra ser é pra ser”, “se não fosse isso seria outra coisa”, “nosso relacionamento já estava no final”.
Sabe o que eu responderia? Sim, você sabe o que eu responderia, porque eu sou previsível, eu sempre digo, isso não é certo, isso não é ético, e você sempre diz, fica quieto e guarda a sua ética pra si. Eu diria, eu sabia que nosso relacionamento estava no final mas não trepei com ninguém da tua família, você foi e trepou com o meu irmão, cadela. Então eu me exaltaria, e começaria a gritar, dizer que você nem soube o que eu passei, dias me remoendo, que na minha primeira noite eu saí pra procurar uma puta para dar pra mim, mas que nem fiz nada porque fiquei com nojo; nojo mesmo, pra mim puta é que nem motel, um nojo, todo mundo usa e vai embora, nem se fosse cheirosa. Você olharia para mim com cara de espanto, percebendo que eu tentei substituí-la com uma china: ficaria ofendida por alguns segundos para depois baixar a cabeça e ficar olhando para o chão. E eu continuaria praguejando, tudo o que eu fiz por ti, ficava até onze horas da noite naquele escritório fedorento e quente enquanto você chupava meu irmão, que nojo, você que nem era paga por isso. Você não faria nada, ficaria olhando para o carpete vermelho, nenhuma reação, uma criança com dois braços em frente ao corpo. Finalmente eu sairia da minha redoma de egoísmo e veria a situação medíocre em que estaria, gritando com uma criança, para então parar de gritar; respiraria duas vezes e diria, desculpa, eu me exaltei. Ouviria você dizer, está bem, mas calma, e eu pensaria, ela tá pedindo que eu fique calmo?, eu que tenho que estar na posição superior, eu que fui a vítima,e você perceberia o que aquele "calma" fez, então olharia mais uma vez para baixo para mostrar vulnerabilidade, mas no fundo, sabendo que estaria no controle da situação; eu me sentiria mal de novo, e voltaríamos à estaca zero, você estaria com a palavra.
Mas eu não quero te ouvir agora, agora eu quero só falar, é por isso que eu faço essa carta, eu quero comunicação em uma via, eu quero falar e não quero resposta, não quero sua voz, seu cheiro, seu corpo, eu só suporto suas lembranças, eu quero ser mimado, quero ter a palavra e usurpar a palavra, é por isso que não uso meu Uno usado e vou até aí, eu quero sentir poder com as minhas palavras. Que você leia esta carta e jogue no lixo, ou queime ou guarde em moldura, tanto faz, desde que você leia e se arrependa, e pense, era mais fácil quando eu só dava pra ele. Sim, meu amor, era mais fácil quando você só dava pra mim.
Então veria o seu olhar que diria, ele tomou um banho e colocou a melhor roupa para fingir que está bem sem mim, e meu olhar responderia, eu sei que você sabe o que eu fiz, mas você tem coragem de dizer em voz alta? Você não diria, e eu sentiria que havia vencido outra vez. Me convidaria para entrar: eu aceitaria, policiando meu caminhar: nada muito bravo, nem muito vulnerável, cuidando para não fazer muito barulho com meu sapatênis e controlando meus gestos para que não ficassem muito rápidos, tudo para que nada assustasse lhe. Encararia seu sofá, ele estaria do mesmo jeito de sempre: reto à televisão. Me inclinaria para sentar e ouviria o seu desabafo. Me desculpa, eu sei que é pedir muito que você me perdoe, para então apelar para o inevitável, anistiando nós dois da culpa, é claro: “o que é pra ser é pra ser”, “se não fosse isso seria outra coisa”, “nosso relacionamento já estava no final”.
Sabe o que eu responderia? Sim, você sabe o que eu responderia, porque eu sou previsível, eu sempre digo, isso não é certo, isso não é ético, e você sempre diz, fica quieto e guarda a sua ética pra si. Eu diria, eu sabia que nosso relacionamento estava no final mas não trepei com ninguém da tua família, você foi e trepou com o meu irmão, cadela. Então eu me exaltaria, e começaria a gritar, dizer que você nem soube o que eu passei, dias me remoendo, que na minha primeira noite eu saí pra procurar uma puta para dar pra mim, mas que nem fiz nada porque fiquei com nojo; nojo mesmo, pra mim puta é que nem motel, um nojo, todo mundo usa e vai embora, nem se fosse cheirosa. Você olharia para mim com cara de espanto, percebendo que eu tentei substituí-la com uma china: ficaria ofendida por alguns segundos para depois baixar a cabeça e ficar olhando para o chão. E eu continuaria praguejando, tudo o que eu fiz por ti, ficava até onze horas da noite naquele escritório fedorento e quente enquanto você chupava meu irmão, que nojo, você que nem era paga por isso. Você não faria nada, ficaria olhando para o carpete vermelho, nenhuma reação, uma criança com dois braços em frente ao corpo. Finalmente eu sairia da minha redoma de egoísmo e veria a situação medíocre em que estaria, gritando com uma criança, para então parar de gritar; respiraria duas vezes e diria, desculpa, eu me exaltei. Ouviria você dizer, está bem, mas calma, e eu pensaria, ela tá pedindo que eu fique calmo?, eu que tenho que estar na posição superior, eu que fui a vítima,e você perceberia o que aquele "calma" fez, então olharia mais uma vez para baixo para mostrar vulnerabilidade, mas no fundo, sabendo que estaria no controle da situação; eu me sentiria mal de novo, e voltaríamos à estaca zero, você estaria com a palavra.
Mas eu não quero te ouvir agora, agora eu quero só falar, é por isso que eu faço essa carta, eu quero comunicação em uma via, eu quero falar e não quero resposta, não quero sua voz, seu cheiro, seu corpo, eu só suporto suas lembranças, eu quero ser mimado, quero ter a palavra e usurpar a palavra, é por isso que não uso meu Uno usado e vou até aí, eu quero sentir poder com as minhas palavras. Que você leia esta carta e jogue no lixo, ou queime ou guarde em moldura, tanto faz, desde que você leia e se arrependa, e pense, era mais fácil quando eu só dava pra ele. Sim, meu amor, era mais fácil quando você só dava pra mim.
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