sexta-feira, 15 de julho de 2011

Abduzi

 Foi após saber de um suicídio...

Eu tive daqueles sonhos que é melhor não esquecer
Por isso o escrevo
Havia uma pessoa na beira da janela
Que queria pular, mas então pensava
Se a vida precisa ser tão madura com a gente
Que às vezes ainda está dentro do caule
E procura desesperadamente alguma figura de luz
A oferecer a mão e a esperança
De que um dia tudo pode acabar.

Então essa pessoa pulou
Lá do décimo primeiro andar
Rapidamente pediram que eu reconhecesse o corpo
Eu era um transeunte qualquer
Talvez figurativo, em meu próprio sonho
Vi que o corpo fora a pessoa mais importante de minha vida
E que minha vida estava deitada em uma poça de sangue
E que minha vida era nada mais do que uma poça de sangue
E que toda a minha vida rodou até chegar em sangue
Deveras um salto ironia
Num libertar que desinibiu as toneladas
Com um rosto todo desfigurado, ainda transparecendo um semblante de cariño
Mas apesar de tudo afastei-me em dois passos
E vomitei compulsivamente por angústia do mundo
A neve, o cavalinho e a fome
Verti de mim as compressas de mim mesmo
Um peso caiu do prédio
Outro jorrou da carne ao chão

Subi aos céus e resplandeci.

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