quinta-feira, 8 de julho de 2010

No Casco duma Árvore

Risquei numa árvore
Tu e eu.
A árvore cresceu, e
Eu por lá fiquei.

Deixa ele explicar: não, espera, eu falo direitinho, era ontem e eu menti que fui ao cinema não fui só ao cinema eu também dali saí e andei pela rua sem pensar em ti. Um amigo me disse que não consegue parar de pensar na namorada todo o dia o dia todo, ele pensa na namorada o abraço a carícia, ó meu deus tirai ela daqui, eu ouço quieto faço, uhum, tá apaixonado hein, mas eu só consigo pensar em como estou sendo enrolado, sei sei que ele pensa nela blablablá mas o dia todo é uma mentira, ninguém pensa o dia todo em uma pessoa, as pessoas têm vida própria ou deveriam, um relacionamento em que se se esquece de si mesmo termina aonde? Andei pela rua e não pensei em ti, pensei nas pessoas que passavam: dois cegos se esbarraram no meio da Rua da Praia, tem como acreditar? eram dois cegos que se encontraram numa avenida enooorme então eu ri eu ri alguém me julga por ter rido, eu ri porque o acaso é casual demais, quem é que pensa em dois cegos se encontrando numa avenida tão grande? é mais do que acaso, quem sabe menos, meu coração cego encontrou o teu em luz.

Eu sou cego
Antes e depois de te encontrar.
Por ser perdido nesta vida,
É que fui cego.
Hoje é de mentira.
É que me faço cego
para te enxergar melhor.

Os dois cegos se esbarraram e eu quase me esbarrei em uma árvore, somente o braço me avisou. Olhei para trás e os cegos conversavam, tive certeza de que não se conheciam. Se conversavam por serem cegos, não sei, mas isso parece meio preconceituoso, podem ter conversado porque se esbarraram e ali nascia uma lembrança que não mais se apagaria. Olhei para a árvore e decidi que também ali nasceria uma lembrança  eterna indelével para sempre, o que mais sinonimar: tirei minha chave e risquei nossas iniciais. Não penso em ti o tempo todo porém quando penso eu penso de verdade, não é ao passar numa loja de chocolates não é em frente a uma floricultura nem em lojas de perfumes: porque isso é coisa exterior, projetada de fora para dentro empurrada por outros para dentro de mim: quando penso em ti é por fluxo interno, não é algo demarcado ou instituído, é o meu ser que pensa em ti: e não outros que pensam por mim.

Não te dei perfume ou talvez flores.
Não te dei
Cartão de aniversário. Não
Te dei um tênis novo.
Não fiz coração no dia doze.

Mas ontem, ao me despedir de ti
Senti que algo me faltou.
O ônibus veio
E eu tive de correr.
Tu ficaste esperando
O beijo que não se lançou.
Sentei no banco e te olhei.
Chorei por não ter dado o beijo que te pertencia.
O beijo que tu merecias.
O beijo que confirmaria:

E e tu
No casco duma
Arvore.

3 comentários:

Érica Ferro disse...

A maior confirmação mora dentro do coração [com o perdão da rima pobre - foi sem intenção].

Beijo.

P.s: Te mandei um replie no twitter, não sei se recebeu, diz:
"@marcel_hartmann Estranho. Te seguia aqui no twitter, de repente, não tô seguindo mais. Qdo tentei seguir de novo, diz que eu fui bloqueada."

Felicidade Clandestina. disse...

Meu Deus ... eu amo demais te ler!

achei o máximo

um beijo :*

Ana Luisa Pacheco disse...

"um relacionamento em que se se esquece de si mesmo termina aonde?"TERMINAM.
é que alguma coisa a gente sempre eterniza, nem que seja umas inicias e uma arvore.