hoje vi um casal de idosos conversando em italiano. falavam muito alto e gesticulavam bastante. pareciam estar brigando. contudo, após alguns momentos, a velha pareceu se fazer compreender e estendeu a mão ao marido. saíram cúmplices de uma eternidade.
todos os gestos desse povo são expressivos
as mãos sempre ao alto
como se fosse um assalto
em que cada conversa é uma dança
e cada dançarino me seduz
como se dotado de uma luz
e eu uma mosca qualquer
a voar sem saber
onde a lua fica
uma fase que arrisca
a fama de um homem inglório
que após versos descabidos
sente que a poesia o desnuda
(por que fazer poesia se a poesia não fica na rua?)
eu gostaria de falar italiano
e saber sorrir, gerar, me expressar
de uma maneira que não fosse patética
falo bonjour e il n'y a pas de quoi
se me ponho de ridículo, tu vois
tudo uma maneira de me expandir e chorar
em direção aos quatro cantos do universo
(seria um deslize do meu ego?)
o que fazer, o que montar
hoje vou desenhar o meu futuro
como se fosse o dia de arte
arquitetando planos, fatos, rimados
uma ânsia de crescimento e ascensão
imersão em uma redoma de vidro
de calmaria, euforia e depressão.
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