ou reflexões sobre a dualidade do ser.
um quadro na parede
acostumou as vistas da família
as cores que num dia chamavam
no outro se tornaram desgastadas
de tanta indiferença ele mudou
da moldura o quadro vazou
o lago que havia parado
de calado virou cachoeira
escaldou no piso da sala
uma pintura revoltada
que de tanta mesmice enfureceu
e de tanto derreter
respingou
e de repente encaro um jovem magro de olhos claros
com olhar tão curioso
e tão pesado
que me olha como quem indaga
me intimida e me aproxima
me toca como homem algum jamais tocou
no plexo daquilo do abstrato
o que é fato e o que não é
não saberei
apesar de calado
o jovem se cansa
vai embora
e enfim eu me aquieto logo agora
afora uma pintura congelada.
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