inverno
primavera
poeta é
quem se considera
(Leminski, Caprichos e Relaxos)
*
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.
*
Ama-me. É tempo ainda.
Interroga-me.
E eu te direi que o nosso tempo é agora.
Esplêndida avidez,
vasta ventura
Porque é mais vasto
o sonho que elabora
Há tanto tempo
sua própria tessitura.
Ama-me.
Embora eu te pareça
Demasiado intensa.
E de aspereza.
E transitória
se tu me repensas.
(Hilda Hilst últimos dois)
6 comentários:
desencana rapaz. vc é mais feliz que muito blogueiro por ai
enquanto tu não postar esse blog com a mesma frequência que eu posto no meu, tá tranquilo :]
Ando sem tempo pro meu blog, cansado, com sono e estressado. Estamos juntos nessa, rs.
Gostei do primeiro poema!
Charlie B.
Marcelo disse certo, bom mesmo é não ter tempo pra tudo. Sinal que estamos tendo de tudo pra encher o tempo. haha
Boa sorte com os novos caminhos.
Ando apaixonadissima pelas palavras da Hilda Hilst, fico horas lendo as mesmas coisas. haha, muito bom o Leminski também.
beijos.
As vezes estamos tão ocupados com tantas coisas que nos envolve que acabamos esquecendo da nossa alma.
Mas é natural, não somos de ferro !
sorte pra você :)
não suma.
"inverno
primavera
poeta é
quem se considera"
Gostei disso MUITO.
Tudo bem, vale a pena esperar por teus textos.
;*
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