domingo, 29 de janeiro de 2012

janvier

raiva desta angústia visceral
desta mente de formas moles preguiçosa
e deste momento em que toda a vivência do mundo
não me importa.


e por que choras se nem estás comigo
pois que a lembrança é um estado de presença do perigo
na preocupação inerte do que já passou
e na alegoria dum sorriso que sei que te marcou.


gostaria que tudo fosse uma mentira.
leio Sylvia Plath compulsivamente e me projeto em sua tristeza.
todas as faces daquela mulher são minhas.
estou na mesma redoma de vidro
e nem parece que em um dia eu já sorri.


quase um mês sento e não rabisco nada.
acho que janeiro não é um mês de criações.
posto que no fundo eu queira rir
e as circunstâncias pesem pelo contrário
parece um esforço enorme estar em vias de explodir
como um péssimo juiz com fama de arbitrário.


tive certeza de que fiz corretamente.
vesti camisa branca, bermuda azul.
pintei todas as cores nos braços
e tomei champanha vendo as luzes no céu.


por que, meu Deus, este mês de tortura
esta vontade de deitar até chegar alguma cura
que algum médico doente me diga que tudo vai bem
e de repente me abrace como figura paternal
(apesar de eu ir bem com o real, muito obrigado)
e me conte das possibilidades do novo ano
pois que agora
com as faltas que revejo
e na confusão daquilo que desejo


me vejo neste drama infinito rodado em minha cabeça...

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