domingo, 12 de janeiro de 2014

dúplica


duas, evidente que eram duas,
a mais leve com a personalidade forte
a pesada, complacente,
uma colada à outra, mas nem por isso
não conflituantes,
as duas cabeças marcadas pelo destino
de trilharem o mesmo caminho.

os cabelos nenhuma tinha,
o que tornava difícil aos outros de diferenciá-las
não fosse a cicatriz da malvada
fincada abaixo do queixo. 

duas, evidente que eram duas, 
soa até artificial não o saber!
como crer que apenas uma
encoberta pela capa de sombras
fosse capaz de tanta maldade
duas cabeças: mas uma ensina à outra
tudo o que é filosofia...

e na mais absurda alegoria,
parece perfeitamente compreensível agora
que na hora do penhasco tenha sido
a cabeça pesada a ter soltado
o único gemido...

duas, evidente que eram duas:
uma com o poder da fala
a outra com o poder do grito.