(Os mortos querem licença
para morrer mais.)
Lya Luft
Hoje parte de mim morreu na esquina, naufragada numa chuva fina que só sabe deixar-nos úmidos. Foi enquanto eu ia ao supermercado comprar algo. Pensei em diversas bobagens hoje cada ação que fazes afeta não só teu presente e teu futuro mas todas outras futuras gerações pois se escolhes ficar com alguém hoje e ter filhos amanhã, teus filhos recordarão de uma história recente iniciada por ti; mas se escolhes ficar com outro alguém em outra semana, será outra história com outras recordações e outras personagens que por sua vez farão outros caminhos e poderão ter um papel importante para ainda outras personagens e quem sabe não saia um filósofo ou cientista revolucionário? quem sabe um serial killer: mas será, será que estamos preparados para afetar a História como um todo? As pessoas dão pouco valor ao seu valor, pois se estamos aqui é evidente que temos um poder de fazer uma diferença na vida de todos já que: no momento em que convivemos em uma comunidade, temos determinado poder de afetá-la, de modo que tal poder é diretamente proporcional à consciência própria de si e desse próprio poder, proporcional ainda à posição de influência. Mas não há motivo para desespero, visto que não é preciso de posição social para influenciar os outros, há poder de influência em cada pedaço do nosso corpo. Um desses pedaços se descolou do meu corpo e morreu na esquina, debaixo de chuva fina, e, precisamente ali, vendo parte de mim caída na chuva, parte de mim morreu e o espaço vazio foi preenchido por uma outra parte, talvez mais evoluída, talvez involuída, nada sei, nem há como saber. Mas continuei andando, mas continuarei andando: eu tenho o meu todo mesmo sem parte e também sei que somos seres metamorfos. Entretanto, tenho agora nas minhas horas que a parte
morta é parte dos meus dias,
pois sempre se morre,
e sempre se revive.
- Hoje não como até morrer.
Essa é minha penitência,
meu lidar sem saber o que fazer.
(Assim faz o ser humano,
cultivando as faces limpas,
podando a parte em dano.)
Pois sempre se morre,
e sempre se revive.
8 comentários:
e cada pingo de chuva me mata aos poucos.
Sempre transforma-se.
Somos contínuos.
"Pois sempre se morre,
e sempre se revive."
Depois disso nada a declarar.
eu adoro Lya *---*
ameei seu blog heein
bejoos
O desfecho me lembra fênix, sempre se morre, mas sempre se revive, uma bela verdade, sabe! Todo dia um novo começo!
Charlie B.
Algumas coisas morrem, outras transpassam vida.
NÃO DESISTA, muita gente espera muito de você!
"Pois sempre se morre,
e sempre se revive."
Sempre se revive até quando se morre pra sempre.
Muito bom o texto!
Erica Ferro
se revive até depois da morte
o que não fazemos depois da morte é morrermos de novo
revive-se pois o mundo continua nos interpretando
e enquanto surgem novos pontos d vista sobre o que pensamos, revivemos.
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