quarta-feira, 16 de junho de 2010

Pedaço de Kitsch em Nós Dois



Baudrillard diz que kitsch é o objeto/situação clichê, lugar-comum. Ele dá como exemplos a novela e a flor artificial, pseudo-objetos que se espelham nas características mais importantes dos objetos os quais fazem referência. Ele diz que o kitsch não existe sem mobilidade social. Isto porque era o objeto que as elites usavam para distinguir-se das outras classes, mas, com a emergência das classes médias e a eventual aquisição deste objeto, a elite precisou abandoná-lo e criar outros objetos para poder diferenciar-se.

Pois eu digo que tua vida é cheia de clichês
Dos mais diversos
E românticos
Assim como insensatos.

Teu cotidiano é recheado de kitschs que te satisfazem na maior medida, no momento em que não precisas pensar tanto sobre o mundo, entrar ao fundo, porque o kitsch satisfaz necessidades primárias: do teu consciente que interrompe a busca por respostas a partir da primeira, mesmo que incompleta. Mas o kitsch não serve para o inconsciente, que não para, não para: o que para se separa.

Vives de clichês para confortar o dia
(Mas o dia não conforta)
Também aborta
A felicidade passageira
Que buscar o seu estar
No livro escrito
Interminável na rotina do impagável.

Hoje vi um kitsch na rua, e no ônibus também. Na calçada, e também na faculdade. No hospital, na cafeteria. Na internet, youtube. Na televisão.
E também no
Espelho.

Não quero que te enganes
Eu também sou um clichê
Vivo e respirando
Inventando ainda outros.
E te invento assim também
Dentro de uma carapaça
Que não sei se é sólida
Ou mesmo em gelatina.
Só sei que também somos kitsch
Tu e eu
Fantasia de nós todos

2 comentários:

Natália Corrêa disse...

E mesmo sendo todo mundo kitsch, cada kitsch é diferente em todo mundo.

DBorges disse...

Nunca me vi como um Kitsch, mesmo sendo-o ou tenho-o.