domingo, 3 de abril de 2011

Indiferença é solidão

Daí que o texto dizia "el bienestar y no el estar es la necesidad fundamental para el hombre, la necesidad de las necesidades", só que não, não é assim, o que a gente precisa é estar. Estar vivo, estar presente, estar em si e para os outros, estar para o estar dos outros. Não há como estar bem sem primeiramente estar. Ora, nisto se coloca fundamental a aprovação dos outros, reconhecendo o nosso estar. Os olhos do outro se mostram fundamentais ao se dirigir em nossa direção e se deter em nossos contornos.

Porque dói, dói quando olham sobre nós e o olhar nos atravessa, como se fôssemos invisíveis. E quem quer ser invisível? Ninguém quer, visto que hoje ser invisível é não existir. Quando mais aparecermos, melhor; quanto mais contas em Orkut, Facebook, Twitter e MSN, perfeito. Não estar em uma dessas redes é estar ausente, e estar ausente é nada mais do que não existir em determinado momento. Dói desaperecer e não existir. Talvez por isso a rejeição nos marque a carne, pois é como se a pessoa não reconhecesse nossa existência, menosprezando nossa presença e ideais e certezas e risadas - toda a complexidade do nosso ser. Indiferença é a pior coisa, a pior maldade: os mais cruéis da história queriam encerrar a existência daqueles que odiavam. Todos queriam acabar com o estar dos outros.

Indiferença é crueldade porque tenta fechar os olhos, na esperança de que com isso ocorra o mesmo que se o outro fosse invisível e não merecesse nossa atenção. Cada ato indiferente é um ato cruel, de um pequeno ditador que procura controlar a existência daqueles que lhe desagradam. E quantos haverão de desagradar?

É preciso combater o egocentrismo de achar que todos vão nos agradar sempre.

Um comentário:

Natália Fernandes Perdigão disse...

Olá Hartmann,
Ótimo texto, assunto original e conflitoso com a sociedade moderna, cada vez mais egocentrista. Entrei em contradição comigo mesma em algum momento da leitura, mas já deu para abstrair (haha). Escreva-me sempre.
Abrçs