segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pedro

Há uma pedra em minha frente: branca
E preta, do tamanho de um boi.

Encaro a pedra como se ela pudesse me encarar
E de repente sinto o que ela sente, a terra
Fria e o sol aquecendo em cima.
E de repente sou a pedra,
Toda ela, todo eu, sou Pedra.
Não, não Pedra
(Porque meus pais me fizeram masculino), sou
Pedro. E como gosto de sê-lo
Pedro, e totalmente dentro dele, eu o sou
E nisso perco minha identidade anterior.

Agora sou novo
Pedro, por todo
Redondo, preto e branco

Um casal se deita sobre mim
Trocam juras de amor
E de repente sou todo paixão e sangue e sexo
Sou vários fluídos, sou
(Masculino e feminino) ambos, ele
E ela, sou o amor dos dois.
Os corpos tremendo sobre mim,
Sou vários. Pedro, Ele e Ela, amor
E gozo e sentimento
(Se não fosse a pílula, seria ainda mais
De mim, que agora não sou...)
Sou redondo, preto e branco, vermelho
De sangue através das veias
Sou branco (não de gozo mas das mentes no orgasmo)
Sou Pedro, e não Pedra
(Porque me fizeram masculino)
Sou luxúria e paixão, o calor
Do sol e dos corpos, sou
Pedro e pedra
E por agora só
Pois o casal se foi embora
Com todo o amor que eu era
(Então sou só Pedro
Preto e branco, redondo)
O casal foi embora,
E eu

Transformei-me em poesia,
Sem rima, no papel em branco,
Sou todo êxtase e alegria de se ver,
Eu sou poesia: Pedro,
Preto e branco, redondo
(Do tamanho de um boi), poesia
Lida de manhã ou meia-noite,
Palavras musicais, sou todo o ar
Que preenche tua mente, sou
Pensamento à espera da fusão

E de repente sou você,
Pedro e pedra,
Tua visão
De poesia e de amor
(Sangue e gozo)

Tudo o que você pensou ser
E que será em um dia.

2 comentários:

Vitória M. disse...

Nossa, adorei muito!

Karol Coelho disse...

De onde vem tanto verso? Menino! Muito bom!