domingo, 2 de outubro de 2011

Yoga

Inspirar profundamente, com a coluna reta. Agora expira enquanto coloca a testa no chão. O chakra fluirá melhor. Será o da coroa? Pois não sei. Agora volta a sentar com a coluna reta, expirando lentamente. Todos os seus problemas estão do lado de fora. Inspira e abraça o joelho. Segura a respiração. Pode voltar a ficar deitado, expirando lentamente.

Como se fôssemos todos bebês na barriga da mãe. Aprendendo a respirar pelo cordão umbilical. Alguém já pensou na primeira respiração do feto? Quando é possível dizer que ela ocorreu. Entre um esperma e algo gelatinoso, posteriormente de uma maneira quase sólida, onde dá para dizer: respirou? Ou talvez jamais dê, sendo esta a polêmica do aborto.

O olho de Londres.

Segure as mãos acima da cintura, com a coluna reta. Quem sabe vamos viajar para o lugar dos sonhos? Ninguém pediu, mas eu faço mesmo assim. O Egito quem sabe. Mergulhar numa montanha de areia, fugir de uma tempestade, morrer de calor, morrer de frio, peregrinar como fizeram aqueles da Bíblia, estudados na Catequese e Crisma. Depois escrever longos relatos para uma revista qualquer, que no fim ninguém vai comprar, porque só sei falar de consciência, parece que me falta palavras que abordem o que é palpável. Ou quem sabe encarar a vida de agora e seus problemas e todos os seus dilemas e desdobramentos, onde morar onde ficar como comer o que escolher para amanhã? Sonhando com o Egito e com montanhas de areia.

Mais três respirações lentas. Pode começar a tormar consciência do corpo, mexendo os pés, braços, joelhos e mãos. Já tomei consciência do corpo, moça. Mas pra quê fazer Yoga? Pra quê estudar Filosofia? Por que Arte? Por que arrumar a cama se de noite eu desarrumo?

Daquelas perguntas sem sentido, cuja única resposta é: para ter mais um motivo que rode a roda da vida. E quebrar a rotina, porque hoje todos a tememos. É uma vida por demais interessante, então é tudo tão imprevisível... Todos muito felizes e realizados. Pois não viram nossas fotos nas redes sociais? Estamos sempre sorrindo ou fazendo uma expressão de mistério. Venha me descobrir. Inclusive, somos todos cultos e lemos livros incrivelmente intelectualizados, entendemos muito de cinema, música, assim como temos um senso crítico que nos permite formular sentenças sobre praticamente todos os assuntos. Exceto Ciência, porque somos das Humanas.

Abram alas. Já faz horas que começou o espetáculo. Ninguém reparou? E somos todos o personagem principal.

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