este poeminha foi escrito em abril,
então faz mais sentido
compreendê-lo como se entrássemos no inverno
apesar de que você pode entendê-lo de diversas maneiras
como um pequeno quebra-cabeças
precisando de desconstrução
veja bem
a língua está toda congestionada
de fonemas afobados na escada
loucos pra descer no corrimão
e se vender nos afagos da tua boca
outona e inverna ao mesmo tempo, o frio
amarronzando nossas folhas
e só gela e corta nossa carne
vela nossa vida
quem disse que ficou nossa lembrança
disse mas não sabe dizer nada
a palavra é um estado de rio de passagem
na esperança de chegar ao outro lado
e quem disse que ficou ao nosso lado
há horas já se foi
o ano passa e a dívida aumenta
o coração sustenta
mas ninguém parece empadecer...
é abril e enmaia minha casa
as paredes mortas pra tombar
e eu louco pra ficar
ficar ao lado dos fonemas
e versar uns versinhos ipanema
o verbo outona...
preciso dizer que tenho gosto pelo ventinho na areia
e me lembro da nietzschiana dizer
"meu rosto tem muita simpatia por ventos"
como se fôssemos todos uma brisa
leves pra voar em meio aos prédios
flagrando casais em sexo:
o louco e o figurado
a magia e o esperado...
(uma vontade de jogar-me ao chão
e chorar e chorar e chorar...)
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