quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

questão

o que é liberdade e o que é prisão? se me proponho a abdicar do livre arbítrio, faço-o com absoluta certeza de decidir tal questão enquanto sou livre? no caso, apenas iria cogitar abster-me de escolhas se houvesse um rol de circunstâncias a forçar tal decisão. entretanto, sempre haverá circunstâncias, contextos e nexos a digladiar uma consciência. isto é, nunca haverá plena liberdade de escolha porque nos inserimos em grupos sociais que, em uma convivência socialmente harmoniosa, obrigam-nos a podar certos sentimentos, falas e sensações. 

se conscientemente participo de uma relação social - e abdico de parte de mim mesmo -, ainda assim exerço minha liberdade ou apenas atuo em um jogo no qual estou restringido em determinadas possibilidades de escolha e devo decidir-me entre uma? ser natural é ser livre? ser livre é ser natural? e o que é ser natural? o homem é o ser da razão. contudo, jogado às traças, pode ser depósito de confiança?

e liberdade de amor, existe? não o poliamor, mas a liberdade de ser um indivíduo acrescido de outro. sem ser completado, visto que anteriormente não vagava pelas ruas uma metade de gente. apenas que, agora, um ser mais farto, mais completo, menos complexado, menos esfomeado. menos angustiado.

há como ser livre se o contexto me restringe ou a liberdade é justamente saber dançar em um jogo de máscaras herméticas?


Platão

numa tarde amo tudo e todos
noutra quero choques de eletrodos
por favor me acordem deste sonho horrível
em que me vejo cercado de correntes
de metal pesado
cujas pontas não avisto de onde vêm
então me amarro em pequenas certezas
à espera da persona muy amável
cheíssima de controle e brutal
a libertar meu corpo e coragem

e domá-lo como jamais ousei domar outras verdades.

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