Dores de jardim é meu 499º poema. Não escrevo há um bom tempo por medo de chegar ao número seguinte. Acho que é o temor de escrever algo ruim no número dos gêmeos idênticos. Acho que é bobagem...
Este é um poema sobre perda.
Não é muito terno, apesar do meu desejo.
Ele fala sobre esta dor que fura o meio do peito
Como faca
Que rasga a certeza de que o mundo é seguro
E nenhum dos nossos amigos vai sofrer nas mãos da Morte,
Cuja carruagem arrasta amargas faixas pretas pelo chão.
Nelas há um líquido cinza corrosivo
O odor impregna todo o ambiente por que passa
E resta aquela terrível aura pesada
Insistindo em pesar nos corações...
A nós, reles mortais, resta apenas abraçar-nos uns aos outros
Na esperança de não tombar tristemente
No chão da poça horripilante.
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