sexta-feira, 4 de novembro de 2011

penitências

ultimamente tenho costurado muita poesia
como minha mãe cosia horas a fio
a questão é que não o faço por prazer
e sim pela necessidade
de conjugar vazios
como se precisasse de um casaco artesanalmente preparado
pelas minhas próprias mãos
e costuro incertezas nas minhas formas
cada ponto do bordado
um sonho estilhaçado
com botões de madeira extraída
de uma árvore há pouco podada
e infelizmente não restasse outra escolha
que vestir meu casaco esfarrapado
com pequenas manchas de sangue
de um coração apertado.

2 comentários:

.Carlos Alberto Moreno. disse...

de uma beleza, isso que vc é!

DBorges disse...

Pertinente.
.. e o meu também apertado nem sequer consigo fazer casacos.