quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sensação térmica de 4 graus em Porto Alegre

Queria mais do que nunca que a voz da maturidade falasse sobre mim. Que um verborrágico (adoro essa palavra) fluxo de consciência viesse - como se usando uma droga -, enviado por um Eu do futuro. Desatando descobertas sobre mim.

É egoísmo, mas me interessa mais saber se, daqui a 20 anos, estarei fazendo algo que preste, do que saber se os Estados Unidos serão uma potência mundial. Ou as calotas polares. Quem quer saber das calotas polares do futuro. A gente é tudo imediatista mesmo. Fala que se preocupa - e no fundo se preocupa mesmo - com o meioambiente. Mas chega amanhã e nos aliviamos ao conseguirmos ir de carro para algum lugar, em vez de pegar ônibus. Vem o inverno e tudo o que queremos é uma estufa no banho. Dane-se o consumo elétrico, as termoelétricas do Brasil e a camada de ozônio. Mas tem coisa pior do que se pelar antes de entrar no chuveiro? Deus é muito mau por não inventar uma nuvem de calor no banheiro. Pior é sair da água quente e ter que se vestir.

Não entendo pessoas que saem peladas no banheiro. Digo, aquelas que saem sozinhas. Por que tomar banho sozinho e se vestir no quarto é o cúmulo. Tomar banho no frio é o cúmulo. Quero saber se no futuro eu vou tomar banho no frio. Se vai ter frio. Onde eu vou sentir adormecer. Com quem eu vou adormecer? Vou perder parte da minha insistência?

Eu quero desesperadamente um fluxo de consciência.

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