segunda-feira, 31 de maio de 2010

Seu time es the tiempo of ma mort

Não estranhem porque não venho tanto aqui, não é como se eu desgostasse, é mais como algo que devo escolher, ou é o tempo de blog ou é tempo de vida, nesse caso prefiro o tempo de vida pois me agrega mais experiências do que o tempo de blog - engraçado isso, eu colocar o tempo de blog como oposto ao tempo de vida quando o oposto de vida é morte. Numa palestra um escritor contou que contrlviu no word tudo o que lia no computador em um mês, e deram 400 páginas, e você diz que não tem tempo para ler mas restam-lhe os minutos para twittar e mais outros minutos para baixar a discografia daquela banda que você só vai ouvir uma vez para dizer que conhece e depois vai esquecer no seu computador, deixando-o com o HD mais ocupado. E ler o G1 com aquelas notícias bizarras. E ler a Folha.com e se horrorizar com Israel atacando ativistas. Mentira, nem vai, já se acostumou mesmo. As únicas pautas que tocam são: pobreza absurdamente extrema; crianças sendo estupradas; crianças em pobreza extrema; crianças em pobreza extrema sendo estupradas. Às vezes se desilude com a profissão. E se entrega. E entrega. Entrega tudo. E a desilusão se torna sinônimo da experiência - erroneamente. Porque aqueles que vieram do futuro não se conformaram: jamais se conformaram. Passaram a viver numa eterna angústia, dilacerante mas inegável ao ser mais imaginário dos factuais. Visto que de certas  verdades não se foge. Uma delas é o tempo. O tempo passa. O tempo é consumado. Consome.

Não tenho tempo
para o tempo
que me tem.

domingo, 30 de maio de 2010

Encare-me como se eu fosse teu espelho

Uma ruga aqui
E a expressão mal-feita.
O tempo e suas marcas

Uma voz dentro de mim. Não sou eu não sou eu não sou eu eu eu eu eu eu gosto de espelhos porque me fazem pensar se com o passar do tempo é o corpo que se molda à alma ou vice-e-versa. Não sei se é a alma que se molda porque dizem que é imutável mas outros dizem que se molda com o passar do tempo. A minha aparência se molda com o dizer da sociedade. Independente da idade. Eu sou uma expressão inacabada.

Encare-me como se eu fosse teu espelho.
De corpo inteiro e transitório.
A refletir o corpo e alma
Atestando o teu complexo.

Os antigos pensavam que o espelho levava a um outro mundo, e estavam certos. O outro mundo sou eu. Demonstrando a inexorabilidade do ser que fica, mesmo que o corpo passe. Tudo passa, até a felicidade se ultrapassa. O espelho fica. O sentido de quem vê se vai embora. Olhar-me é autoavaliação, olhar-me é pura reflexão. Talvez complexa, mas ainda necessária.

(Olhe para mim
assim como te olho.
(Te observo
pra poder te absorver))

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Grito Desesperado

Eu não consigo lutar contra este instinto, é como eu digo mesmo, i-n-s-t-i-n-to, é mais forte do que eu e por ser assim é algo de que nem faço muita questão de evitar porque faz mesmo parte de mim. Eu carrego as dores dos outros de forma que se tornam minhas e todas as minhas reflexões dão-se em seu redor. Passei por um restaurante de família e estava vazio vazio vazio e pensei na enorme frustração que aquela família evidentemente carente deveria estar suportando: procurando evitar as terríveis garras da pobreza que constantemente tentam trazê-la de volta: mas que mesmo assim resistem resistem resistem, porque corpeando é que se vive, como diz Simões Lopes Neto. Mas o corpear é daqueles atos também instintivos, assim como minha empatia exagerada: que não me poupa de sentir-me mal ao meio-dia por ver um casal sentado numa mesa enquanto outras tantas mesas quedam-se desocupadas, à espera de pessoas que provavelmente nunca sentarão (e ao pensar isso, minha frustração catalisada se mistura a uma autorretaliação irradiada pelo meu racional, tudo por ter previsto um futuro em que não há futuro). E daqui a dois meses, o homem chega à esposa e diz que é preciso fechar, que não deu certo,
 que nosso dinheiro foi embora, meu amor, não há o que fazer, nós tentamos mas Deus não quis que fosse desse modo, há algo que nos salve, talvez se ficássemos mais tempo haveria de haver algum assalto, mas não há o que fazer, é preciso fechar pois nós falimos. A pobreza vence uma batalha, mas não vence a guerra, porque corpeando é que se vive. Vivendo é que se corpeia.

(E dei o grito desesperado
por doerem-me  
as dores do mundo)

domingo, 23 de maio de 2010

Passaporte na mão

Amadíssmo, não fales.
A palavra do homem desencanta.
(Baladas, Hilda Hilst)


Hoje à noite, não quero que fales qualquer água. Porque te encontrarei leve do mundo, te encantarei em estado mudo. Sentaremos à mesa e colocaremos os casacos nas cadeiras. Eu direi, eu só quero uma água por favor, para que o garçom pergunte se quero com gelo ou limão: e tu completarás: gelo e laranja. O celular vai estar desligado, assim como minha expressão. Opaca e insípida.  Mas apesar de estar sem expressão e com ares desligados, minha mente correrá a milhares de quilômetros por hora, voando por montanhas nevadas e casebres de madeira com lareira (e quem sabe um morro tomado por neblina, para dele pular em direção, não à terra, mas à Terra). O garçom chega, e eu nem agradeço. Porque gentilezas não serão para mim: só me bastará o meu silêncio. Só me restará o teu consenso. 

Não fale hoje à noite
Porque quero me encontrar com a solidão
Sem deixar de ver teu rosto.

Das montanhas e dos morros voarei até acima dos prédio duma Porto Alegre cinza dum inverno ainda mais. Pulando de prédio em prédio para disfarçar a ruptura interna da minha personalidade: em que vejo cores onde não há: sinto presenças que não estão. Tu à minha frente, e eu a mil quilômetros. Não é preciso mãos: é preciso fugir mas ainda estar.

Ao meu lado,
Só quero que respeite minha loucura.
Gelo e laranja.
Eu e tu com passaporte na mão.
Transformado.
Como se eu não pudesse me evitar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Eu só preciso de uma sala de espelhos

Essa postagem foi feita para o Clube da Escrita. O tema foi "ESPELHO"


    Vitória, não corre, eu ainda tenho tanto pra te dizer: sei que você não quer me dar seu tempo mas o tempo não é seu nem meu: o tempo é de todos então: dá-me tua mão e mergulha no impensado pensar que somos nós, já que não quero ver tuas mudanças, não quero tua aliança: quero ver tua esperança

        Mas, Renato, se teu tempo que usas em mim e portanto meu se torna, se teu tempo fosse para ti usado, serias mais feliz porque te olharias e te reconhecerias e tornarias a olhar-te para o espelho: assim como fiz eu. 


Via no espelho as raízes mortas de uma planta não-planejada,            
    planejada não para mim, mas para um futuro que deveria ser diferente
        rente a um sonho do infinto. E estas raízes mortas meio vivas
            vivas no meu ser, no meu inconsciente
                ciente do perigo de uma possibilidade imperfeita
                    feita para não para mim, mas para nós, um em redor
                        (duma) dor para aprender.

Eu tinha um sonho.
E nesse sonho eu era tão feliz.
Não no cotidiano pensado de cada dia.
Mas no viver inexato em que eu sentiria
as noites minhas.

Eu tinha um plano.
E nele estava eu bem sozinha.
(Padeceu em meio a um confessar
De novos planos).

Eu tinha um sonho.
E foi tão bom.
Pena que nele eu não
te incluía.

domingo, 16 de maio de 2010

Coti(dia)[ano]

Vim num sonho teu só pra te avisar que o cotidiano é uma invenção do ser humano - é uma junção da cota do dia com a cota do ano que formarão essa palavra chata que as pessoas aprenderam a pegar nojo: o cotidiano do ano é o cotidiano do dia? Dá pra simplificar nosso viver? Eu gosto dos dias porque me faço feliz.

*

Perguntei à minha mãe o que é uma imagem, e ela disse que é tudo o que se vê e se entende, mas pô, mãe, e os cegos?

*
A gente às vezes tenta controlar os sentimentos como se fossem um rebanho de ovelhas. Fingimos ser vários lobos. À medida que o tempo passa, fica tudo mais difícil, e a gente se faz mais lobos. Não porque as ovelhas se multiplicam, mas porque lobos se cansam.

Quantas ovelhas negras são precisas para que ovelha-negra vire branca?
Branca é tua vivência, assim como tua alma

Que dizem não ter cores bem palpáveis
Nosso viver é parede branca.
Nasce vazia, até meio sem-graça.
De manhã colam-se cartazes.
De tarde uns quadrinhos.
À noite é tudo escuro.
Às quatro é só barulho.

Minha parede é medio branca,
Medio colorida.
Alguns pintaram de vermelho.
Outros, de preto.
(Há quem não fez nada.)
Há quem fez de tudo.

Porque é preciso conhecer-se pra saber dos outros,
(reconheço-remememoro).
É preciso se sujar para sujar os outros.                       

Olha para ti,
pra poder olhar pra mim

Não me deixo colorir,
por aqueles que não sabem
se pintar.


quarta-feira, 12 de maio de 2010

Comunic(ação)

Motivos porque faço Comunicação:

SIMPLISTA: para me comunicar
EGOÍSTA: para me fazer ouvir
FILOSÓFICO: por que não fazer?
IDEALISTA: para falar e ajudar
RACIONALISTA: me agradam as humanas
REALISTA: porque sinto que é certo

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 Não-verbo

Olhe para mim,
Porque hoje vou ouvir
O que teus olhos falam.
Acordei meio distinto
Certo de que a noite inovará.

Me encare como ontem
Quando me olhaste de primeira
Quando me fizeste ter minhas neuras
(Agora sou um pouco diferente.)

Hoje também sou exigente.
Quero teu silêncio
Mas também a expressão.

sábado, 1 de maio de 2010

Inconsistência

DI
          LU
           Í
                         DO


Para me tragares por inteiro.