segunda-feira, 11 de junho de 2012

engraçado

a gente precisa se contentar com nossas limitações. por exemplo, eu não sou engraçado. não que eu nunca faça alguém rir - quer dizer, eu não sou triste ou amargo ou ranzinza. sei fazer certos comentários que, em determinada hora e com determinadas pessoas, são divertidos e arrancam alguns risos.

mas só.

não me peça para contar uma piada - sou péssimo, e invariavelmente decepciono a todos enquanto conto da galinha que atravessa a rua. seja por falar muito rápido ou por não colocar a entonação certa nas palavras, ao meu redor as pessoas sempre acabam por me presentear com aquele riso de amizade nos momentos em que me arrisco a exercitar este lado fraco de mim mesmo. largam um hahaha ou a maior encarnação do rs. aquele riso que você dá para que o outro se sinta bem, tão automático que só percebemos sua presença quando interagimos com um desconhecido e estamos nos policiando para sermos agradáveis e simpáticos. vou rir para que ele ou ela não se sinta mal. então. as pessoas ao meu redor são simpáticas, é claro. graças a deus.

por mais que conviva com seres hilários e já tenha estudado o humor e a ironia em uma cadeira da faculdade, não tenho o dom da piada. minha mãe é extremamente séria e reservada e meu pai faz aquelas piadas de... vô. porque meu pai sempre fez comentários de um jeito que parece ser meu avô a falar. mas isso é só um adendo bobo, visto que não posso culpar meus sérios pais pelo fato de eu não ser engraçado.

até porque é leviano pensar que por não ser engraçado, sou sério. como que a equilibrar meu espírito dado a ausência de observações geniais, rio fácil, fácil. tudo me alegra e me impressiona. gestos me fascinam. se por uma sorte faço um comentário divertido, em geral é sobre minhas burradas - não por um egocentrismo maluco, mas é que eu sou a única coisa que conheço o bastante para elaborar um comentário humorístico. se eu pudesse ser algum comediante, gostaria de ser a Tina Fey. mas, infelizmente, assemelho-me no máximo à Sabrina Sato. porque às vezes meu dia é tão absurdo como uma caricatura.

semana passada, por exemplo. em um mesmo dia, fiquei uma hora em fila de banco, fui atropelado, três motoristas não me esperaram enquanto estava na frente da porta do ônibus e três entrevistados me deram bolo. disso eu sei tirar graça. agora, fazer uma observação hilariante, não. enquanto uns nasceram para fazer piadas, outros nasceram para rir. eu, nasci para rir. porque pior do que alguém que não é engraçado, é alguém sem-graça que pensa ser a criatura mais hilariante da face da terra. ao menos aqueles que riem sempre deixam alegres aqueles que fazem piada. ambos andam juntos e se completam. como yin e yang ou tom e jerry. ou o almoço do RU e o suco de acompanhamento. se bem que estes últimos se separaram há tempos...

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