quarta-feira, 9 de abril de 2014

rastros

"é tão irônico estar vivo. significa assumir uma responsabilidade pelos futuros arrependimentos da humanidade"

assisti finalmente ao filme A Lista de Schindler e comecei a me questionar a respeito do poder das microações. Schindler salvou 1.200 pessoas a curto prazo e 5 mil a longo prazo - a saber, as gerações advindas. o que me faz pensar: uma palavra pode mudar uma geração? um ombro salva uma linhagem de indivíduos? ao mesmo tempo em que a teoria do caos nos preenche de potencial poder, também nos impõe um grande peso sob os ombros, na medida em que nossos atos são valorizados como joias únicas. cada acerto é um acerto de ouro. mas cada erro é um prédio que desaba. 

construímos nossa vida de forma a edificar um modo de pensar. nossas ações e omissões nos posicionam no mundo, e assim ocupamos o território a que chamamos realidade. esse espaço que nos pertence convive com os espaços dos outros, como uma grande vizinhança. é uma complicada teia, que se torna mais densa com o passar dos anos. não precisamos tomar ações tão grandiosas quanto Schindler, mas nosso caminhar seguramente impacta a vida dos outros. 

a palavra que dissemos ontem fica guardada na mente do amigo. o beijo nos lábios se aninha nos coração de nosso amado ou amada. plantar memorias nos outros é um processo extraordinário, mas também perigoso. 

nossos gestos exalam o maior bem e o maior mal. ao caminhar, deixamos um rastro agridoce, como uma laranja madura.

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