quarta-feira, 17 de março de 2010

Pergunta



Aqui se definem as cores da própria mutilação, se degrine todo o bem-estar do teu bem-ser, aqui é um regime de ser-bem sem mal que tem. Porque se tem muito mal, mas não se entra tal que se perceba essa presença em anonimato. No anonimato a gente se esconde, no anonimato a gente se defende, porque todos os detalhes passam por ele, nada fica, tudo sai. Esse anonimato que é tão almejado por uns e repelido por outros, você já percebeu quem o quer e quem não o quer? Então vai e percebe, são coisas que se descobrem apenas por observar. Observando a gente vê, observando se descobrem

mãos que entrelaçam mãos num escuro indecifrável a visões deste e de outros mundos, visíveis somente aos sentidos - daqueles que se sentem:

bocas mudas, mas olhares falantes, olhares que conversam e falam falam falam por dezenas de minutos em apenas quinzenas de segundos:

toques metodicamente planejados, braço com braço, cotovelo com cotovelo, tudo numa prática mística de troca de calores, hormônios, e sentires, pois eu sinto, tu sentes, mas todos nós sentimos tantos sentires que é preciso muita atenção para sentir cada sentir, posto que todas as pessoas sentem, mas a maioria não sabe que sentiu; isso é o existir mas não viver.

Vivemos esse viver anônimo,
mas não somos anônimos.
Somos eu e você e várias coisas,
mais que nós
- menos que todos os
sentidos.

Procuro procuro um porquê para
você, mas só em você,
que não acho minhas respostas.
(E me enlouqueço, menos por mim,
mais por ter um não-ter
que me distrai.)

Às vezes, somos assim:
temos perguntas que não criamos,
respostas que invetamos.

Quem garante que nossa resposta
é a correta?
Nada nem ninguém que nos distrai,
pois apenas se abstrai
aquilo que queremos.

Ainda assim, acho
que você é uma
pergunta.

2 comentários:

Laysla Fontes disse...

... Uma pergunta, entre várias outras coisas.

Beijo, beijo.

Ps.: Preciso destacar que achei lindos seus versos: "Estes que me compreendem, é que aprecio. Porquê, para eles, não falo nada: mas transmito tudo." Demais, Marcel.

Charles Bravowood disse...

Toques, gracejos, sorrisos, preciamos disso," isso é o existir mas não viver. "

Charlie B.