quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

mudança

Os móveis antigos é preciso retirar
apesar de que o espelho descanse
da mesmíssima maneira,
sem vontade própria. 
O armário eu já sei a quem dar, e aquele canto de poeira intocado
finalmente será limpo. 
Todas as aranhas vão repensar sua vida, uma vida aracnídea
que antes simples, agora é complicada. 
As pesadas teias, pendendo de cima 
para baixo, com uma sustentação paralela,
de repente não sustentam nada.  
A vida grita por todos os cantos, 
e as aranhas encaram
o medo do amanhã.
De repente o impensável
pode ser pensado. E as aranhas
são habitadas por uma questão. 
A resposta, no entanto, vem do alto,
as horas passam normalmente,
e o peso do real força as oito patas.

Este canto tomado por poeira
que entrou pela fresta da janela
com um lufar de vento
eu preciso varrer com esmero e vontade,
caso contrário passo a noite com medo
do que pode vir de tanta
tanta mudança de hábito.