quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

"não gosto de olhar muito o mar, perco o interesse pela terra"

Dai a gente quer ser tão feliz que não consegue e fica triste. E eu me pergunto como o tiro pode sair tanto pela culatra? Viver em um momento e questionar-se "isso é felicidade? Talvez estar feliz se resuma a algo muito mais intenso..." O rotulo acalma e faz com que eu me disperse menos. Ao mesmo tempo, paradoxalmente me impede de abstrair desta tautologia maluca e impõe uma barreira entre mim e a sensação que procuro experimentar. A busca de viver em vez de estar move os meus dias. Infelizmente, também me acorrenta e me torna escravo de um imaginário inalcançável. 

Sou um exemplo patético da modernidade liquida. Se encontrasse Bauman, ele colocaria a mão no meu rosto, como uma figura paterna, e me encararia com um olhar de reconforto e pena. Oh, pobrezinho, sintomático da própria geração. E assim me ponho escravo das minhas próprias reflexões, me inflijo danos como fazem os cristãos mais conservadores, ou me reprimo como as evangélicas mais pudicas.  

Ao repousar minha nuca no travesseiro, eu sou uma mulher de cabelo comprido e longas saias, com vontade de tirar a roupa inteira e tomar um banho de chuva, nua como vim ao mundo. Que Deus me perdoe, mas a felicidade transgressora sempre preencheu os corações mais aflitos. 

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