sábado, 27 de novembro de 2010

Eu não quis me perder por aí

ai minha mãe me ajuda aqui
que tenho tanto pra mostrar
mas me sinto tão pequeno...
é tanta coisa, que o fogo lá de dentro
me consome

pois sim. ultimamente eu pensei em tanta, tanta coisa, que não quis escrever. dá pra entender? eu não sei direito, acho que amadureci tanto que qualquer tentativa de escrita era inútil pra testemunhar a mais pequena das coisas que aprendi. ou talvez nem saiba escrever. aliás, adoro isso, essa incerteza da gente, essa indecisão, essa pequeneza e baixa autoestima, sei ou não sei, se sei escrever, se posso ser um bom jornalista, uma boa pessoa, um bom amigo e filho e ser humano. e bom pai? olho para as pessoas e imagino como seriam elas com seus filhos. se bateriam pela menor das razões, se evitariam sempre o tapa, o grito, o xingamento. e no casamento, como seriam com seu amor amor, ai, ai, melosos ou não, ríspidos quem sabe, aquela coisa de terminar o ato e querer ficar de conchinha ou virar-se de costas e dormir. e se dormem. quantos por aí roncam. quantos por aí dormem de bruços, de lado, de barriga para cima. se dormem de pijama ou não. e como acordam, mal-humorados, bem-humorados, de mau-hálito, de bom sorriso, com fome, com gana, com tesão. e quantos por aí não exaltam seu tesão pra se afirmar, quem sabe. nem sei. e tantos poetas por aí. seu poeta, sua poetisa, mostra-te, mostra teu ser, mostra teu ato, em cada gesto uma poesia. cada pessoa com um pouco de poesia no seu ser: e as personalidades nela se mostrando. uns têm poesia rimada, outros não, alguns com ela rica, com métrica, tercetos, quartetos, tônica na penúltima sílaba, estrofes musicadas, musicais em cada cena.

mas fale mais alto por favor é que
as gentes não escutam poesia
é preciso falar mais alto
pra que todos ouçam.

(recita mais alto
o teu poema
que é de carne ou osso
de espírito
extrema unção antes da foice.

num só coice
a alma resumida
numa estrofe.)

Um comentário:

Ana Luisa Pacheco disse...

SE dorme de conchinha ou vira de costas diz muito sobre as reias intenções com aquele outro alguém.
Virei de costas para blogs, até para o meu. E lendo isso, me deu uma vontade de colocá-los em sintonia, de encaixá-los de conchinha de novo.
Pretendo distribuir melhor o pouco tempo que me sobra.