terça-feira, 20 de setembro de 2011

Tristeza

 Para Laís Webber

sonhos bordados de estrelas muito me alegram
e as viagens que meu pai fazia à lua
sempre me fizeram pensar
que minhas tristezas não deveriam ficar
nos dizeres de dia
e que nossa poesia há de trazer
um estado de espírito
cujo controle não caberá em duas mãos...

minha mãe se queda quieta, meu irmão remove a vista
à casa de telhado amarronzado
eu mudo. a pele escalavrando
com finas facas de permuta
naquilo que chamam de paz
(e toda a paz do mundo só virá com guerra)
o justo só trará justiça
e verterão rios de sangue dos seus olhos
Nossa Senhora se esconde de inveja
as gárgulas nem têm mais o que falar
porque as minhas alegrias, hoje,
esqueceram da beleza...

faz algumas horas que moro na Tristeza
e o ônibus nunca me pareceu tão divagante
bem que eu queria que aparecesse um jovem doutor
que soubesse da minha dor
e receitasse um remédio
e nunca mais eu tomasse essa dose de melancolia
cujo gosto às vezes me é amargo
mas que ainda assim tomo
pra diluir o gosto de vida.

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